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sábado, 22 de outubro de 2016

Mulher, lésbica e agora prefeita

Rênya Medeiros, 37 anos, venceu eleição em Passira, por 116 votos, mas não utilizou a bandeira LGBT na disputa
Rênya (E) contou com a colaboraçãod a companheira Karla na disputa eleitoral em Passira, na qual, segundo ela, precisou vencer a barreira do preconceito (Foto: Peu Ricardo/DPA)
Do DIARIO DE PERNAMBUCO
charlesnasci@yahoo.com.br

Mulher, ex-agricultora, lésbica. A prefeita eleita de Passira, município com quase 30 mil habitantes do Agreste de Pernambuco, rompeu padrões conservadores na Terra dos Bordados ao ser escolhida com a diferença de 116 votos para sua adversária. O caminho foi tortuoso para Rênya Medeiros, 37 anos (PP). Segundo ela, envolveu atos homofóbicos, que juravam o fogo do inferno para os eleitores dela. Ao custo de R$ 50 mil, a campanha vitoriosa - e praticamente inusitada no estado - contou com o apoio da companheira de Rênya, a universitária Karla da Silva, 26, juntas há quatro anos.

Para os eleitores, no entanto, o valor de Rênya como candidata não estava tanto na sua identidade sexual. A popularidade da ex-agricultora cresceu proporcionalmente às entregas de água com carro-pipa promovidas por ela há muitos anos no município. A ação só foi possível porque as terras da família de Rênya têm fonte de água potável e, em Passira, o líquido vale ouro.

A prefeita eleita faz parte de um grupo LGBT - o único de Passira - no qual são discutidas políticas públicas para essa população. Mas o programa de governo dela não aborda a temática como bandeira. O assunto foi tratado de forma generalizada em meio à campanha, algo intencional, reconhece a prefeita eleita: "Foi para não perder votos. A cidade é conservadora. Muita gente dizia para os eleitores: 'Como você vai votar em uma lésbica?' Como vai explicar para seu filho?'", lembra. Entre religiosos, Rênya disse que houve até quem abrisse a bíblia para prever o fogo do inferno para quem escolhesse a candidata como prefeita.

Os principais votos de Rênya, acredita ela, vieram de pessoas da terceira idade. "Dou muita atenção a eles e acho que isso conquista os idosos", diz a prefeita eleita, que é vereadora até o final do ano. A vitória, mesmo que apertada, ela e a companheira acreditam que tem relação com a grande rejeição do atual prefeito Severino Silvestre (PSD). Pela primeira vez na história da cidade, o gestor não teria sido reeleito. Ao todo, Rênya conquistou 10.013 votos contra 9.897 do concorrente.

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