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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Coluna 'Filmes, Séries e Afins (FSA)': Globo de Ouro 2018 - parte um


Por MAIARA LIMA* (Especial para o blog)
charlesnasci@yahoo.com.br

No último domingo (7 de janeiro), acontecia em Los Angeles a 75ª edição do Golden Globe Awards (Globo de Ouro em tradução). Abrindo a temporada de premiações Hollywoodianas, o prêmio é o primeiro vislumbre do que será o Oscar 2018 (previsto para o domingo de 4 de março), prêmio mais aclamado da indústria cinematográfica. Então, eu não poderia deixar de comentar com vocês um pouco do que rolou nesta premiação em meu primeiro post para a coluna FSA.

O prêmio contempla o mundo dos filmes e séries, mas neste post os destaques serão apenas das telonas, deixando para o próximo os destaques da TV. Vocês também podem conferir os campões das telinhas no link final e há links anexados aos tópicos dos campões abaixo.

Categorias do Cinema:

Melhor filme dramático: Três Anúncios para um Crime https://www.youtube.com/watch?v=DaG5ICpyGDM

Melhor filme cômico ou musical: Lady Bird: É Hora de Voar https://www.youtube.com/watch?v=FX_ZHgdyD4s

Melhor diretor: Guillermo Del Toro, A Forma da Água https://www.youtube.com/watch?v=-DTVuQTZr3E

Melhor ator drama: Gary Oldman, O Destino de uma Nação
https://www.youtube.com/watch?v=2bTSm8311jQ

Melhor ator comédia ou musical: James Franco, O Artista do Desastre
https://www.youtube.com/watch?v=UtzsorjuK-o

Melhor atriz drama: Frances McDormand, Três Anúncios para um Crime

Melhor atriz comédia ou musical: Saorsie Ronan, Lady Bird: É Hora de Voar

Melhor ator coadjuvante: Sam Rockwell, Três Anúncios para um Crime

Melhor atriz coadjuvante: Alisson Jenney, Eu, Tonya
https://www.youtube.com/watch?v=HDsIg9iSKEE

Melhor roteiro: Três Anúncios para um Crime

Melhor trilha sonora: A Forma da Água

Melhor canção original: This is Me, O Rei do Show
https://www.youtube.com/watch?v=r5R6CVp_JzU

Melhor animação: Viva: A Vida É uma Festa
https://www.youtube.com/watch?v=-Af1mAec0LA

Melhor filme estrangeiro: Em Pedaços (Alemanha/França)
https://www.youtube.com/watch?v=1L9zwZNc8LQ

Quero destacar o grande campeão da noite (seis indicações, quatro globos), Três Anúncios para um Crime, além de A Forma da Água e O Rei do Show. Falando do primeiro, particularmente eu adoro os filmes que narram com um pouco mais de veracidade o que de verdade é a cultura norte-americana, longe de todo o glamour que nós, aqui no sul da América, estamos acostumados a pensar ou ver. Em Três Anúncios para um Crime vemos que, infelizmente, ainda é possível que uma sociedade considerada "de primeiro mundo" esteja tão presa à convenções arcaicas e preconceituosas. Com um roteiro maravilhoso e as atuações de tragar a gente para a pele de cada personagem, há uma leitura extremamente humana no filme: não existe ninguém inteiramente mau ou bom.

Cena do filme "A Forma da Água"
(Google Imagens/Reprodução)
O resultado é a empatia pura do público com o filme, que fica longe de estereótipos. Mildred Hayes (Frances McDormand), passou sete meses aguardando a resolução sobre a morte de sua filha. Como nada acontece, ela resolve alugar três outdoors numa estrada e estampar frases que anunciam a ineficiência da polícia e do delegado locais. Vocês nem imaginam o que acontece depois disto. Basta conferir!

Eu adoro Guillermo Del Toro, então fiquei feliz da vida por esta premiação dele por A Forma da Água. É um dos poucos diretores atuais que ainda conseguem me prender ao gênero fantástico no cinema. Outros trabalhos dele, além do atual, nesta linha são: O Labirinto do Fauno, 2006 (maravilhoso!), A Colina Escarlate, 2015 (diferentão!) e Mama, 2013 (um meio termo de suspense), onde atuou como produtor, para citar seus mais recentes trabalhos. Del Toro sempre consegue a façanha de, em algum momento, humanizar tanto os seus monstros que fica difícil o público não simpatizar com eles. O histórico do diretor nisso lhe rendeu fama em Hollywood.


A Forma da Água, não é diferente em nada, digo até que consegue ir um pouco mais além. O filme conta a história de Elisa, uma zeladora muda que trabalha em um laboratório onde vive mantido em cativeiro um "homem anfíbio", e, eventualmente (de maneira nada bizarra, acreditem), ela se apaixona por ele e tenta libertá-lo. Vale muito conferir!
Cena de "O Rei do Show"
(Google Imagens/Reprodução)
Falando de meu último destaque, O Rei do Show - com roteiro assinado por Bill Concon, que também escreveu Dream Girls: Em Busca de um Sonho" (2006) e "Chicago" (2002) - é um musical "maravilindo", que vem juntar-se a um grupo de bons musicais recentes (como Os miseráveis, 2012). Eu não tenho como contestar (e quem sou eu para tal?) a escolha de melhor canção deste ano por muitas razões, mas uma boa seria o fato dos autores das canções de O Rei do Show (Justin Paul e Benj Pasek) serem os mesmos das de La La Land: cantando estações, 2016 (para citar outro musical bom e recente), um dos mais comentados e premiados filmes do ano passado - nem quero falar da gafe no Oscar 2017 envolvendo este filme.

A trama é quase (e este quase é importante) uma cinebiografia baseada em P.T. Barnum, que no século XIX, foi pioneiro do circo e show business. P.T. Barnum (o meu eterno Wolverine, Hugh Jackman) se casa com a filha do patrão do pai e depois de eventos de desventura decide criar uma espécie de museu de curiosidades. Com o fracasso inicial, ele resolve produzir um grande show estrelado por pessoas rejeitadas, digamos assim. Teve sua pré-estréia bem especial nos cinemas nacionais dia 24 de dezembro, e sim, é um ótimo filme para época. É um filme para emoções, alguns diriam até que com tanto açúcar que chega a ser sem sal, entendem? (piada péssima).

Enfim, é um filme para sorrir, chorar, cantar, querer dançar, tudo o que um musical bom pode trazer, tenho certeza que para quem curte o gênero é um filme que te enche de perspectivas e amor, com uma mensagem muito bonita de perseverar apesar dos "não" da vida, inclusão e empatia. Então, estas são minhas três indicações baseadas no Globo de Ouro, tentem dar uma olhada nelas.

Gostaria de destacar algumas coisas. Por exemplo citar o grande perdedor da noite, que infelizmente (para mim que sou muito fã) foi o The Post https://www.youtube.com/watch?v=EIx6T_WXOT0, com direção do meu amado Steven Spielberg, que teve seis indicações, incluindo as de melhor atriz e ator em filme de drama com a Meryl Streep e o Tom Hanks, mas não levou nada pra conta.

Outro destaque vai para o Lady Bird: É Hora de Voar. Que é um filme com uma temática já muito trabalhada nos cinemas, drama entre mãe e filha, só que trazendo novos temas para contestação e diálogos maravilhosos. Outro também que trabalha o tema mãe e filha é o Eu, Tonya, que rendeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante para a Alisson Jenney, uma mãe bem rigorosa, e estou tentando suavizar muito com esta palavra, com a filha interpretada pela Margot Robbie (a Alerquina do Esquadrão Suicida, 2016).

Cena do filme "O Destino de uma Nação"
(Google Imagens/Reprodução)
Destaco o Gary Oldman, que está maravilhoso em O Destino de uma Nação, na pele do primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill. Para os fãs de Harry Potter: vocês nunca imaginaram o Sirius Black assim. Ele arrasou! O melhor é que (quem puder) se pode conferir isto nos cinemas, pois ele estreou esta semana nas telonas de todo Brasil.

E finalmente, um último destaque para o campeão de animação Viva: a Vida é uma Festa, apenas quero comentar aqui que se o pessoal das premiações quiserem sair da zona de conforto Disney-Pixar já podem começar. Eu amo o trabalho desta parceria, mas há outros tão bons e que merecem destaque e o prêmio também, como o Com amor, Vicent https://www.youtube.com/watch?v=ZsHl_26DD44, que é simplesmente maravilhoso. Assim como o The Breadwinner 
https://www.youtube.com/watch?v=dqC0CtCzav8, que conta com a produção de Angelina Jolie e é lindo.

Curiosidade: este ano, o "modelito" utilizado pelas estrelas no tapete vermelho do Globo de Ouro teve como base um protesto. Todas as mulheres trajavam preto, como uma iniciativa do projeto Time's Up (Já deu/Já chega, traduzindo livremente), para impulsionar o apoio às diversas denúncias de assédio sofrido por mulheres em Hollywood, principalmente contra o produtor Harvey Weinstein. Esse tipo de denúncia vem se intensificando no cenário Hollywoodiano, creio eu, desde que a série House Of Cards abordou-a com bastante propriedade, no contexto político, e que rendeu até mesmo uma denúncia interna da própria produção da série, onde o protagonista da mesma, o ator Kevin Spacey é um acusado.

Babados fortíssimos! Até breve!

Estréias da semana nos cinemas:

O Destino De Uma Nação (Darkest Hour). Confiram o Gary Oldman!!!
O Estrangeiro (The Foreigner). Vocês nunca viram o Jack Chan assim, posso apostar.
https://www.youtube.com/watch?v=W3WFbixgWBQ

O Touro Ferdinando (Ferdinand). Mais emocionante do que se imagina.
https://www.youtube.com/watch?v=g98W9biPNYY

Lista dos indicados e campeões (completa):
https://www.goldenglobes.com/winners-nominees/2018/all


*Maiara Lima é estudante de Letras da UFPE, professora de Língua Portuguesa e Espanhola, Redação e Literatura e completamente apaixonada por Cinema e Literatura Comparada. Contato: may.borgesl2@gmail.com